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O Ser Abelha Nativo Sem Ferrão

Victor Hugo Pedraça Dias – Eng. Agrônomo- Ms. Ciência Animal -Criador de Abelhas e Consultor Técnico da Mangangá Produtos

Há 5 anos o impulso da agricultura biodinâmica me tornou mais sensível e mais respeitoso para com a agricultura e de uma forma especial, ao Ser Abelha Nativo. Se antes minha conduta estava baseada na substituição contínua de rainhas, “o sol da colônia” ou do uso abusivos de insumos com a promessa da “alta produção”, olhando único e exclusivamente para os índices de rendimento econômico da atividade, atualmente por meio da vivência na agricultura biodinâmica, admiro ainda mais estes seres que outrora os tratava de maneira semelhante a uma “fábrica completamente automatizadas de produtos”.  Hoje, tenho uma completa ressignificação e um olhar holístico do quanto essa ciência trouxe-me a uma conscientização do quão é importante são os Seres Abelhas.

Sabemos que existe mais de 20.000 espécies espalhada por esse planeta pujante em vida, os estudiosos só não a encontraram nas calotas polares e no deserto Saariano. Deste total, cerca de 10% conseguiram uma evolução especial assim como o Ser Humano galgou e por isso tratamos esse grupo de insetos de uma maneira tão respeitosa, chamando-os de Seres Abelhas.

Assim como o Ser humano cujo papel principal é ser um guardião do planeta terra, cuidando de seu equilíbrio, exercício pelo qual nós, na maioria das vezes estamos em falta, principalmente neste período do antropoceno, o Ser Abelha é o elo entre a geração de alimentos e a manutenção da vida terrena, ajudando os Seres Humanos na colaboração dessa bela instância planetária

10 % dos Seres Abelhas possuem a formação de um organismo único, composto por castas que são capazes de executar seu papel, a saber:  a rainha que é o Sol da colônia, as operárias: a força produtiva e os zangãos: os seres que ajudam a dar o sentido da vida por meio da reprodução e diminutas labutas, nada comparável a destreza das operárias!Deste quantitativo, cerca de 1.000 espécies são descritas como neotropicais, tendo a América do Sul o berço desse processo evolutivo e os povos Maias seus guardiões que as batizaram de “La Gente” uma maneira amorosa de destacar o como o Ser Abelha Nativo é importante para a cultura dos povos pré-colombianos, levando-os a confeccionarem, almanaques sobre manejo como o “Códex Madrid”, ritos religiosos e até fundação de povoados ou províncias.

No Brasil já foram catalogadas cerca de 300 espécies, cada uma dotada de uma beleza extraordinárias repletas de comportamentos incríveis e dotados de muito altruísmo.

Em particular, cuidamos de uma espécie conhecida como Jandaíra (Melipona subnitida), da língua Tupi Jandaíra é” Abelha que dá mel “e o manejo foi harmonizado com os ritos do calendário biodinâmico astronômico

Nos dias de folhas, não fazemos intervenção no interior do organismo, mas quando necessário cuidamos da parte externa do meliponário “estrutura utilizada para abrigar as colônias”

Nos dias de flores, executamos uma sucessão de labor a depender do que está planejado, sabemos que neste dia, conforme Maria Thun e Mathias Thun, as abelhas recebem o impulso para uma coleta exacerbada de pólen. No Ser Abelhas Nativo, percebemos que tudo associado ao transporte nas corbículas, “estruturas em formas de cestos”, localizado na tíbia do 3º par de perna das operárias e por isso presenciamos um maior fluxo de coleta de resina para produção de própolis e do barro, utilizado para refrescar o ninho e “batumiza-lo” ou calafeta-lo.

Os dias de frutos os autores ao longo de anos de pesquisas perceberam  um impulso para coleta de néctar e água e por isso quando  estamos no período de pré safra (Janeiro a Maio) do mel de Jandaíra, conhecido como “terroir potiguar, manejamos os seres abelhas nativos para potencializa-los junto a essa entrega,  que ocorre quando há o encontro do animal com o vegetal, encontro esse, fidelizado pela visita das abelhas as flores das plantas nativas da  Caatinga, bioma no qual estamos inseridos, trazendo astralidade ao reino vegetal e  enriquecendo o mel com propriedades oriundas do cosmo.

Atrelado ao manejo nos dias adequados, seguindo o calendário, também utilizamos os preparados de reis, aplicando em Janeiro, o preparado 500 no fim das floradas que coincide com o 1/3 final do período invernal e a aplicação do 501 que se dá em até 60 dias iniciado o período chuvoso (verão para outono).

Os preparados nos ajudam a vivicar o solo e ligar as plantas nativas aos seus arquétipos, é também uma maneira simples de ser grato a natureza por nos ajudar a cuidar das abelhas e fornecer mel e outros meliprodutos.

Nossos produtos ainda não estão certificados mas é meta, assim que nos estabelecer num organismo agrícola, os mesmos estão sendo comercializado através do seguinte endereço www.mangangaprodutos.com.br

Se eu pudesse descrever em formas de mito o encontro entre o Ser Abelha e as flores, seria o de Eros e Psiquê ou seja entre o amor e a alma, sendo as flores do reino vegetal e Psiquê, o Ser abelha que dia a dia, passa por uma série de provas do amanhecer ao entardecer, na busca de visitar a flor e dela sorver  substâncias tão importantes para elas, para o organismo e para nós Seres Humanos, substâncias que são matéria primas para o mel e para o saburá (nome dado ao processo fermentiativo do pólen colhido por elas nas anteras das flores, conhecido por “pão da abelha”)

Poucos são os Seres Humanos capazes de sentir a sutileza das estações do ano no bioma Caatinga. Há pessoas que por não compreender a quadrimembração da mesma, preferiram a dualidade, batizando-as de estações seca que pode durar 7 a 9 meses e estação chuvosa que pode durar 5 a 3 meses com médias anuais de 4 meses de chuvas. São nesses intervalos em que a chuva cai, que nosso bioma, sai da cor monocromática de um cinza para policromáticas mostrando a sua beleza como se fosse as cores do arco íris demonstrado em cada florada de nossas plantas com alto poder de ajudar o Ser Humano com substâncias medicinais.

Costumo dizer que as chuvas de meu sertão iniciam entre o verão e finaliza no outono e nossas coletas de mel e saburá, ocorre no final do outono para início de inverno, sempre trimembrando o processo de produção dos meliprodutos, uma parte para o Ser Abelha, outra parte para a filha desse ser ou seja, a nova colônias que com nossa ajuda virá ao mundo e a outra parte para nós.

A produção racional de colônias que nos meios de produção chamamos de multiplicação, para as condições da Caatinga, pode ser feita durante o processo de coleta de mel do Ser Abelha ou durante a chega da primavera (Setembro a Dezembro), tal escolha é baseado no tamanho populacional do Ser Abelha Jandaira, na quantidade de zangãos existente no meio externo e na organização dos insumos como mel e saburá, já que são materiais cruciais para a manutenção das colônias até o próximo período chuvoso, período esse que coincide com as explosões de matizes de cores oriundo das flores .de nosso bioma.

Nos tempo atuais, a Meliponicultura (atividade zootécnica que atua com as abelhas nativas sem ferrão) tem acompanhado a apicultura moderna, na busca de altos rendimentos e intensiva reprodução de colônias para atender demandas de mercado ou demandas inerente ao ego do manipulador. Por vivenciar algo que vai além do econômico e perpassar o lado espiritual, concordo com a menção do filósofo Steiner (1925) citato por Bannawart (2018) Eis que se nos apresenta então o capítulo da apicultura artificial.

Os Senhores não devem crer que eu não veja, até mesmo de um ponto de vista nada espiritual, que a apicultura artificial, em princípio, no primeiro impulso naturalmente, tem algo ao seu favor, pois evidentemente muita coisa é tornada mais fácil: mas essa intensa concentração, eu diria, em uma geração de abelhas, em uma família de abelhas, isso feito dessa forma, se torna com o tempo verdadeiramente prejudicial

De fato, nos últimos 5 anos estamos presenciando doenças que não era conhecido no meio da meliponicultura e nos últimos 10 anos, algo ainda mais nefasto, a hibridação de nossas nativas, corroborando com a visão steineriana.

Há uma necessidade de o Ser Humano resgatar ao menos a tríade platônica das virtudes e tentar inserir no seu trabalho o bom, o belo e o justo o que na era que estamos (aquário) parece ser uma provação que a humanidade tem que suplantar, assim como o Cristo que venceu as três tentações luciferinas

Trabalhar com seres solares tão belos, é preencher o interior com amor, vendo os exemplos ensinados por elas, como sacrifício, coragem, temperança e sabedoria, pois é algo surpreendente aprender as necessidades do Ser Abelha